quarta-feira, 15 de julho de 2015

Crítica Literária

as árvores ensopam o domingo lento
que se acumula junto aos pés
pelo musgo no colo sei que estás em direto
acusas-me de ter um corpo miúdo
acusas-me sempre do mesmo

do corpo que se expande pelo poema
sabes que me vou esvair em ásia
sabes que são horas de esclarecer
o propósito desses assassinatos.

vesti a saia de fósforos, a tua preferida 
no meu ventre asteca queres incendiar o mundo.
na procriação da sala
visto ao poema um refrão ecológico.

o corpo miúdo amiúde hermético como a geladeira
onde deixaste aquele ensaio esvair-se em sangue.

acusas-me de nunca me separar da casa.

de braços cruzados na contemplação da sorte
eu diria que é o trânsito das portas
e o sossego do Tejo
naquele quadro do anterior arrendatário. 

é um verão longo no rodapé da razão

e o meu uivo domesticado
tem raízes no simbolismo, continuas,

largo os pés de vez
em direção à página branca
ao militarismo trémulo da tua voz

de encontro à pele críptica do papel
acusas a boca de se habituar à fotografia
e as notícias de saquearem a grafia
na sala procriam-se palavras irregulares.


uma casa corpo, não passo de.