a
liberdade é deixar-se estar a meio dos desejos
é
uma procura de ardores
uma
rua onde Ramos Rosa adiou o amor.
os
séculos sucederam-se
no
ventre da lenha
onde
ardem todas as bandeiras do mundo.
deixa-me
na margem do Outono
porque
a liberdade é cinzenta
como
os braços da terra
falta-me
procurar a liberdade
na
cintura da chuva, no riso da arma.
quero
desfiar a voz para encontrar a retórica do medo.
tantas
palavras começadas por a: acaso, ação, ator, adultério, amor
mas
eu quero renascer das balas
e
trazer-te livre
derramar-te
no oceano com o mesmo sangue dos atores,
do
adultério e do acaso.
não
se ama a liberdade,
bebe-se
liberdade
misturada
com espumante e terror.
é
o rasto da revolta
é
o desprezo pelo erro.
hoje
liberto-me de ti, amor
e
tudo é um acaso gelado,
uma
ação livre e miserável.