terça-feira, 7 de abril de 2015

Liberdade

a liberdade é deixar-se estar a meio dos desejos
é uma procura de ardores
uma rua onde Ramos Rosa adiou o amor.
os séculos sucederam-se
no ventre da lenha
onde ardem todas as bandeiras do mundo.
deixa-me na margem do Outono
porque a liberdade é cinzenta
como os braços da terra
falta-me procurar a liberdade
na cintura da chuva, no riso da arma.
quero desfiar a voz para encontrar a retórica do medo.
tantas palavras começadas por a: acaso, ação, ator, adultério, amor
mas eu quero renascer das balas
e trazer-te livre
derramar-te no oceano com o mesmo sangue dos atores,
do adultério e do acaso.
não se ama a liberdade,
bebe-se liberdade
misturada com espumante e terror.
é o rasto da revolta
é o desprezo pelo erro.
hoje liberto-me de ti, amor
e tudo é um acaso gelado,

uma ação livre e miserável.