terça-feira, 5 de janeiro de 2010

quando tocas assim



quando tocas assim
é como se os motores do mundo todos parassem
para te acariciar as notas
e acompanharem a rotação do meu delírio
que sobe as paredes da banalidade para poder chegar ao outro lado
onde se encontra o abismo absoluto
do meu riso não menos provisório mas que engana mais,
e é lá que está o prazer que se ergue por detrás do sono cintilante
que se afasta de nós como se fugisse
por ter medo que o cacemos e o metamos dentro de um frasco quadrado
e fique como aqueles gatos que alguém diz que são japoneses ou chineses e que só existem na nossa caixa de e-mail.
sempre despertos, crescemos para o barro que nos modela as feições e faz a beleza tremer
e quando tocas tocas-me e toco-me ou poderia eventualmente tocar-me
mas não quero parecer despropositada
até porque tenho versos a explodir dentro de cada glóbulo
e não quero que penses que não os tenho mesmo.
e quero fazer-te sentir cada letra como uma bússola que indica o norte da minha pele
e a espuma dos desejos pregados ao ossos.