quando tocas assim
é como se os motores do mundo todos parassem
para te acariciar as notas 
e acompanharem a rotação do meu delírio 
que sobe as paredes da banalidade para poder chegar ao outro lado
onde se encontra o abismo absoluto
do meu riso não menos provisório mas que engana mais,
e é lá que está o prazer que se ergue por detrás do sono cintilante
que se afasta de nós como se fugisse
por ter medo que o cacemos e o metamos dentro de um frasco quadrado 
e fique como aqueles gatos que alguém diz que são japoneses ou chineses e  que só existem na nossa caixa de e-mail.
sempre despertos, crescemos para o barro que nos modela as feições e faz a beleza tremer 
e quando tocas tocas-me e toco-me ou poderia eventualmente tocar-me 
mas não quero parecer despropositada 
até porque  tenho versos  a explodir dentro de cada glóbulo
e não quero que penses que não os tenho mesmo.
e quero fazer-te sentir cada letra como uma bússola que indica o norte da minha pele
e a espuma  dos desejos pregados ao ossos.
