sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

quando estou aborrecida começo a apaixonar-me



quando estou aborrecida começo a apaixonar-me.
por vezes estou sozinha e ponho-me a mordiscar silêncios
ou a apreciar a forma voluptuosa
como a amnésia me lambe os fascínios
como se de uma embriaguez mágica se tratasse.
mas nenhum murmúrio me preenche como tu
nenhum murmúrio me preenche a cama como tu
e nenhum deserto se incendeia sem o teu coração para o inflamar
e eu podia ter o teu coração e mordiscá-lo a ele em vez de aos silêncios.
e sentava-o no centro da lua numa cadeira feita de mar,
dava-lhe um lar sossegado onde pudesse inspirar
toda a ternura dos meus ossos
e uma boca que pudesse sorver a humidade dos desejos.
um lar de sonhos e artérias calejadas
um lar provisório de tédio.
foi o tédio que te tornou tão bonito.