domingo, 10 de janeiro de 2010

espelhos



os espelhos contam muitas histórias,
histórias de ansiedades inaudíveis
em lugares longínquos
que não chegaram a abrir-se completamente nos mapas
ou de gritos que não chegaram a atingir o corpo,
histórias com sangue doce
sangue virgem
como o azeite
sangue diluído no bolor dos sonhos.
os espelhos são memórias pontiagudas que raspam os olhos
os espelhos são sombras de diamantes
que cobrem as cartilagens esmurradas
descrevem espaços lentos
sobem pelos músculos da casa
entrando pelos pulmões da solidão de uma forma
bastante violenta
mas os espelhos são também esconderijos
onde os prisioneiros apaixonados se encontram
e trocam presentes feridos.
espelhos de pele, velhos espelhos.
os espelhos são os piores amigos.