se
as árvores se diluem no alcatrão
e
os campos temem os carros que nunca lhes tocam,
é
porque o céu é uma miragem líquida
esquecida
por cima das vidas alheias
que
me trespassam a voz.
é
quando deixo que o olhar se despiste violentamente
contra
o pensamento
que
desejo a vida dos postes de eletricidade.
dá-me
a sombra do movimento
e
a ansiedade nómada,
a
paz de saber que todo o conflito é permanente.
dá-me
todas as paisagens portuguesas que tiveres
preciso
de um autorretrato de montanhas e mar.
preciso
do sol a acender as vertigens
com
uma nuvem impúdica
que
cresce no reflexo dos dedos.
deixa
que o autocarro entre a fundo no Inverno atlântico
a
que chamamos casa.