Ontem voltei a pegar no telefone
ou talvez tenha sido o telefone a pegar em mim enquanto me
queimava em suores de lembranças,
a sopa de miso em renda vermelha
e o cabelo vermelho contra o teu cabelo de ouro
a minha pele branca na continuação da tua mais branca ainda
a sauna dos nossos desejos
e a neve na continuação da nossa pele
a petrificar os teus olhos, gelados
onde desagua o mar a norte dos meus sentidos
A tua língua penetra-me a Noruega e a Noruega é um sonho
Frio e quente na minha voz
sem voz
a Aurora Boreal dos meus orgasmos
e o sémen rubro da minha respiração sem noites
e durante outra parte do ano sem dias.
Um chalet bucólico
e a tua saliva na periferia dos meus seios.
acaricio o calor mudo dos teus braços
enquanto aprendo que amor é uma palavra germânica
tão incompreensível como a nossa existência,
tão pura como o fervor dos teus dedos molhados de mim.