vou enquadrar-te nesta folha
através de uma imagem lenta.
quero que saibas que penso em ti
e que o pensamento de ti é uma turbulência.
fazem hoje cem anos desde que a arte te previu
num sorriso de tabaco no canto da página.
não te quero dar conselhos apenas observar
que Janeiro é um mês altamente inflamável
e que sinto a sombra dos teus poros na minha pele.
peço-te ainda que me recues das palavras agudas
e deixes a cidade gravitar em mim,
sou carne sem fôlego e sem poética
numa clareza incessante cheia de árvores noturnas.
estendo-te a mão na noite contínua.