a ressaca estalava das paredes sempre surpreendidas
superentendidas na matéria faziam sempre questão de mostrar
que amar era uma primavera despovoada
descuidada em delírios
dos escombros da noite emitiam-se vertigens
virgens de dedos frios
rios de ressurreição
a noite, parede, a noite era uma curva incessante
brilhante como uma boca tremida
queria caligrafia carnívora
porque há poemas que só comem carne
de mármore fotográfico
a ressaca e a garganta raspada pelas longas palavras
toda a noite sopradas na direção do teu coração
não é a política que me interessa é a expressão
corporal
oral, anal, virtual, sentimental,
desde que concordemos e acordemos
juntos.
o corpo de um animal, viral
na plenitude admirável
de uma insanidade infindável.