há partes do teu corpo que sabem a crepúsculo
e outras que sabem a canções noctívagas.
para cada sonho há um rio de pedra que se alastra
e em cada beijo a terra rompe
o sangue marítimo da visão.
sorvo meticulosamente cada grito
que te escorre da boca,
saboreio o seu vinagre,
as suas camadas de nome no mesmo nome,
a agrura das suas vertigens.
sei que me desejarás a inocência de veludo
e que me expulsarás de dentro do meu próprio corpo
para me possuíres
assim que identificar o paladar de todos os vértices
incalculáveis do teu corpo.
in O Sono Extenso, Âncora Editora