na tua língua como na minha,
falar do tempo ou da comida ou da forma como os apartamentos por cá indicam o número de quartos na sua designação.
há coisas úteis que por vezes nos escapam
como, por exemplo, o luar que se nos dilatou na boca
ou os sons que só nós conseguimos ouvir quando toda a gente estava distraída
a vigiar as suas próprias frustrações
como se elas fossem fugir.
mas falar é fácil
e pode ao mesmo tempo ser bastante complicado
e é por isso que desprendo as ideias e as deixo fluir com a intenção simples de te entreter,
há dias em que a voz raspa nas paredes como se se quisesse libertar do corpo
e a pele desliza e o dia sufoca-nos os sentidos e não sabemos se é o vento lá fora
ou se é a ventania que trazemos por dentro
mas por algum motivo não nos conseguimos equilibrar
e chega a parecer que trazemos lâminas por dentro dos olhos sobre as quais tentamos equilibrar as ideias mas é inútil porque nos trespassam a razão
e a desfazem em bocados pequenos
que nos servem de vestígios de existência e que podemos aproveitar para forrar o quarto
ou a poesia
mas que nunca passará disso estejas tu a dividir um T1 com alguém ou não.